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segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

"Existem quatro coisas na vida que não se recuperam:

- a pedra, depois de atirada;

- a palavra depois de proferida;

- a ocasião, depois de perdida e

- o tempo, depois de passado."



Almodóvar
Se...

Se eu pudesse deixar algum presente a você,
deixaria acesso ao sentimento de amar a vida dos seres humanos.
A consciência de aprender tudo o que foi ensinado pelo tempo afora...
Lembraria os erros que foram cometidos para que não mais se repetissem.
A capacidade de escolher novos rumos.
Deixaria para você, se pudesse, o respeito àquilo que é indispensável:
Além do pão, o trabalho.
Além do trabalho, a ação.
E, quando tudo mais faltasse, um segredo:
O de buscar no interior de si mesmo
a resposta e a força para encontrar a saída."

Mahatma Gandhi





" O amor de mãe é o combustível que permite a um ser humano fazer o impossível (Marion C. Garretty)."

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

A DESPEDIDA DO AMOR - Martha Medeiros



Existem duas dores de amor:

A primeira é quando a relação termina e a gente, seguindo amando, tem que se acostumar com a ausência do outro, com a sensação de perda, de rejeição e com a falta de perspectiva, já que ainda estamos tão embrulhados na dor que não conseguimos ver luz no fim do túnel.

A segunda dor é quando começamos a vislumbrar a luz no fim do túnel.

A mais dilacerante é a dor física da falta de beijos e abraços, a dor de virar desimportante para o ser amado. Mas, quando esta dor passa, começamos um outro ritual de despedida: a dor de abandonar o amor que sentíamos. A dor de esvaziar o coração, de remover a saudade, de ficar livre, sem sentimento especial por aquela pessoa. Dói também...

Na verdade, ficamos apegados ao amor tanto quanto à pessoa que o gerou. Muitas pessoas reclamam por não conseguir se desprender de alguém. É que, sem se darem conta, não querem se desprender. Aquele amor, mesmo não retribuído, tornou-se um souvenir, lembrança de uma época bonita que foi vivida... Passou a ser um bem de valor inestimável, é uma sensação à qual a gente se apega. Faz parte de nós. Queremos, lógicamente, voltar a ser alegres e disponíveis, mas para isso é preciso abrir mão de algo que nos foi caro por muito tempo, que de certa maneira entranhou-se na gente, e que só com muito esforço é possível alforriar.

É uma dor mais amena, quase imperceptível. Talvez, por isso, costuma durar mais do que a "dor-de-cotovelo" propriamente dita. É uma dor que nos confunde. Parece ser aquela mesma dor primeira, mas já é outra. A pessoa que nos deixou já não nos interessa mais, mas interessa o amor que sentíamos por ela, aquele amor que nos justificava como seres humanos, que nos colocava dentro das estatísticas: "Eu amo, logo existo".

Despedir-se de um amor é despedir-se de si mesmo. É o arremate de uma história que terminou, externamente, sem nossa concordância, mas que precisa também sair de dentro da gente...

E só então a gente poderá amar, de novo.



“Para ter lábios atraentes, diga palavras doces; para ter olhos belos, procure ver o lado bom das pessoas; para ter um corpo esguio, divida sua comida com os famintos; para ter cabelos bonitos, deixe uma criança passar seus dedos por eles pelo menos uma vez por dia; para ter boa postura, caminhe com a certeza de que nunca andará sozinho; pessoas, muito mais que coisas, devem ser restauradas, revividas, resgatadas e redimidas; lembre-se que, se alguma vez precisar de uma mão amiga, você a encontrará no final do seu braço. Ao ficarmos mais velhos, descobrimos porque temos duas mãos, uma para ajudar a nós mesmos, a outra para ajudar o próximo; a beleza de uma mulher não está nas roupas que ela veste, nem no corpo que ela carrega, ou na forma como penteia o cabelo. A beleza de uma mulher deve ser vista nos seus olhos, porque esta é a porta para seu coração, o lugar onde o amor reside.”
Audrey Hepburn

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Os meus 30 anos...HAPPY ANIVERSARY!



Uma mulher é muito mais mulher aos 30 anos. Eis o que quero dizer: tome a mesma moça aos 20 anos e aos 30. No segundo momento ela será talvez umas sete ou oito vezes mais interessante, mais sedutora, mais irresistível do que no primeiro.
Aos 30 anos, a mulher se conhece mais e é por isso muito mais autêntica, centrada, certeira - no trato consigo mesma e na relação com o seu homem. Aos 30, a mulher tem uma relação mais saudável com seu corpo. Aos 30, ela está muito mais interessada em absorver do mundo o que lhe parecer justo e útil, ignorar o que for feio e baixo astral e ser feliz o máximo que der. Se o seu homem não gostar dela do jeito que ela é, dane-se!! Uma mulher de 30 só quer quem a mereça.
Aos 30, ela sabe se vestir. Domina a arte de valorizar as partes do corpo que lhes são pontos fortes e de tornar discretas aquelas que não interessa tanto mostrar. Melhora muito a qualidade da sua escolha de sapatos e acessórios, tecidos e decotes, cores e combinações, maquiagem e corte de cabelos. A mulher de 30 só vai na boa. Gasta mais, porque tem mais dinheiro, mas, sobretudo, gasta melhor. Tem gestos mais delicados, posturas mais elegantes, é mais graciosa e temperada. O senso de propriedade e a noção de limites de uma mulher de 30 não têm termo de comparação com outra de 20. Aos 30 ela carrega um olhar muito mais matador - quando interessa matar. E que finge indiferença com muito mais competência - quando interessa repelir.
Aos 30, a mulher não é mais bobinha. Não que fique menos inconstante. Mulher que é mulher se pudesse não vestia duas vezes a mesma roupa nem acordava dois dias seguidos com o mesmo humor. Mas aos 30 ela já sabe lidar melhor com esse aspecto peculiar da sua condição feminina. E poupa - exceto quando não lhe interessa poupar - o seu homem desses altos e baixos hormonais que aos 20 a transformavam.
Aos 20, a mulher tem espinhas. Aos 30, tem pintas. Encantadoras, perfumadas trilhas de pintas. Que só sabem mesmo onde terminam uns poucos e sortudos escolhidos. (Sim: aos 20 a mulher é escolhida. Aos 30, é ela quem escolhe. Aos 20, ela é comida por alguém. Aos 30, é ela que decide para quem dar. Etc.) Com 20 ela eventualmente veste calcinhas que não lhe favorecem. E as pendura no registro do chuveiro. Aos 30, usa lingeries escolhidas a dedo. Que, sempre surpreendentes e com altíssimo poder de fogo, o seu homem nunca sabe de onde saíram. Aos 30, a mulher aprende a se perfumar na quantidade certa. E com a fragrância exata para a sua pele, para a temperatura do dia, para os tons da roupa que está usando. A mulher de 30, muito mais do que a de 20, cheira bem, dá gosto de olhar, captura os sentidos, provoca fome.
Aos 30, ela é mais natural, mais elegante, mais sábia, mais serena. Menos ansiosa, menos estabanada. Desenvolve um toque macio e quente, que sabe ser a um só tempo firme e suave. Fica tudo mais uterino, mais helênico, mais glamouroso, mais sexualmente arguto.
Aos 30, a mulher não faz mais experiências esdrúxulas. Quando ousa, no que quer que seja, costuma acertar em cheio. No jogo com os homens, já aprendeu a esgrimir no contra-ataque, construindo seus xeques-mates em silêncio. Quando dá o bote, é para liquidar a fatura. Ela sabe dominar seu parceiro sem que ele se sinta dominado. Mostra sua força na hora certa, de modo sutil. Não para exibir poder - mas exatamente para resolver tudo a seu favor antes de chegar ao ponto de precisar exibi-lo. Garante para si o que quer sem confrontos inúteis. E brinca com a sua pretensa fragilidade como uma ferramenta lúdica de prazer - seu e do seu homem. Sabiamente, goza de todas as prerrogativas da condição feminina sem ter que engolir nenhum sapo supostamente decorrente do fato de ser mullher.
Saiba que é precisamente aos 30 que o jogo começa a ficar bom.

Adriano Silva (Revista Super Interessante – 19/09/01)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011



"Pode invadir ou chegar com delicadeza, mas não tão devagar que me faça dormir. Não grite comigo, tenho o péssimo hábito de revidar. Acordo pela manhã com ótimo humor mas ... permita que eu escove os dentes primeiro. Toque muito em mim, principalmente nos cabelos e minta sobre minha nocauteante beleza. Tenho vida própria, me faça sentir saudades, conte algumas coisas que me façam rir, mas não conte piadas e nem seja preconceituoso, não perca tempo, cultivando este tipo de herança de seus pais. Viaje antes de me conhecer, sofra antes de mim para reconhecer-me um porto, um albergue da juventude. Eu saio em conta, você não gastará muito comigo. Acredite nas verdades que digo e também nas mentiras, elas serão raras e sempre por uma boa causa. Respeite meu choro, me deixe sozinha, só volte quando eu chamar e, não me obedeça sempre que eu também gosto de ser contrariada. (Então fique comigo quando eu chorar, combinado?). Seja mais forte que eu e menos altruísta! Não se vista tão bem... gosto de camisa para fora da calça, gosto de braços, gosto de pernas e muito de pescoço. Reverenciarei tudo em você que estiver a meu gosto: boca, cabelos, os pelos do peito e um joelho esfolado, você tem que se esfolar às vezes, mesmo na sua idade. Leia, escolha seus próprios livros, releia-os. Odeie a vida doméstica e os agitos noturnos. Seja um pouco caseiro e um pouco da vida, não de boate que isto é coisa de gente triste. Não seja escravo da televisão, nem xiita contra. Nem escravo meu, nem filho meu, nem meu pai. Escolha um papel para você que ainda não tenha sido preenchido e o invente muitas vezes.

Me enlouqueça uma vez por mês, mas me faça uma louca boa, uma louca que ache graça em tudo que rime com louca: loba, boba, rouca, boca ... Goste de música e de sexo. Goste de um esporte não muito banal. Não invente de querer muitos filhos, me carregar pra a missa, apresentar sua família... isso a gente vê depois... se calhar... Quero ver você nervoso, inquieto. Olhe para outras mulheres, tenha amigos e digam muitas bobagens juntos. Não me conte seus segredos... me faça massagem nas costas. Fume. Beba, chore, eleja algumas contravenções. Me rapte! Se nada disso funcionar... experimente me amar!" (por Martha Medeiros)

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

"Procures me amar quando menos mereço, pois é quando mais preciso"

Mario Quintana

BORBOLETAS

Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de
se decepcionar é grande.

As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as dela.

Temos que nos bastar... nos bastar sempre e quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.

As pessoas não se precisam, elas se completam... não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida.

Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida.

Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente a gostar de quem gosta de você.

O segredo é não cuidar das borboletas e sim cuidar do jardim para que elas venham até você.

No final das contas, você vai achar
não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!

Mário Quintana

terça-feira, 11 de janeiro de 2011




Sou composta por urgências: minhas alegrias são intensas, minhas tristezas, absolutas. Me entupo de ausências, me esvazio de excessos. Eu não caibo no estreito, eu só vivo nos extremos. Eu caminho, desequilibrada, em cima de uma linha tênue entre a lucidez e a loucura. De ter amigos eu gosto porque preciso de ajuda pra sentir, embora quem se relacione comigo saiba que é por conta-própria e auto-risco. O que tenho de mais obscuro, é o que me ilumina. E a minha lucidez é que é perigosa (como dizia Clarice Lispector). Se eu pudesse me resumir, diria que sou irremediável!

Marla de Queiroz




Não sou sempre flor.
Às vezes espinho me define tão melhor.
Mas eu só espeto o dedo de quem acha que me tem nas mãos.


Marla de Queiroz


Quando terminei de falar, senti foi a dentada da tristeza em meu peito. Eu fui andando, andando, quase olhei pra trás e pedi que desconsiderasse aquilo tudo. Mas não dava pra desmanchar aquele ponto final. Não se remove um "adeus" com um "esqueça tudo que eu disse". É que eu pensava que nem ia doer. (Nem deixei que ele me tocasse, eu não tinha tempo pra arder).E foi com meu coração disparado que apressei o passo e ganhei estrada.Eu respirava fundo chamando a tranqüilidade de volta.Mas ela não veio.Enquanto me afastava, pensei que eu tava indo embora de tudo nele.E sei que fiquei como um ranço, algo que lateja até que se perdoe. Era ele aprisionado na lembrança do que eu havia sido. Só tive paz mesmo, quando o seu coração desmanchou o hematoma da saudade num choro compulsivo, no colo do melhor amigo. Porque nem calma eu tinha pra ajudar.A carne sempre fraca pra afagar, acabava indo mais longe e tudo voltava ao antigamente.Aí eu tive que ficar quieta no meu canto, toda lacerada pela falta.Foi um período solitário em que vivi o luto necessário.Ele nem desconfiou que eu também estava triste, talvez se sentisse melhor se soubesse.Mas eu tinha que fazer valer minha palavra, demorei muito tempo tomando coragem.Demorei muito tempo desparafusando aquela gaiola e, depois, reaprendendo a voar.(Marla de Queiroz)
EU SOU A RETICÊNCIAS ENTRE PARÊNTESES: (...)



Traz esse teu olhar pra perto de mim, desembrulha tua alma introspectiva e vamos cuidar das coisas com calma. Deixa o profundo pra outra hora antes que a gente se consuma até os nervos. Há tempo pra almas angustiadas, mas há dias de tons bem mais leves, de sentimentos sutis. Não determine o sentido das coisas antes delas terem algum. Espere o momento do desespero, não o antecipe. Se ele quiser, virá em dias tão lindos como este. Agora, só há o convite pro sono mais doce e pra conversa mais amena que nos faça rir de novo.Deixa teu coração abraçar o que digo enquanto afago teus cabelos.O nome disso é carinho.Esquece um pouco essa dor que te espreita.Convida ela pra dormir ao relento enquanto meu colo quente vai chamando de volta teu sossego.Chega de tantas palavras que fervem, meu amor. Vamos pronunciar cuidados. Vamos nos envolver em abraços. Vamos viver o que chega assim, limpinho, sem apertar o peito. Traz teu olhar pra bem perto, eu os fecho e te mostro a paisagem que teci com palavras pra adoçar teus ouvidos.

Vamos dormir em paz e acordar antes desses amanhãs.Vamos acordar antes que seja tarde.

Marla de Queiroz



Escuta: o que te dou não é por você, mas por mim_ se tenho amor demais, eu preciso deixar derramar até que tudo escorra e que haja um total esvaziamento. E, novamente, eu me sinta plena do vazio. (Porque também preciso da purificação do não-sentir pra me entregar de novo plenamente). Não interessa se amor demais te envaidece, envaidecer-se é uma forma de não se achar merecedor, caso contrário, receberia tudo com natural tranqüilidade. Mas não é sobre você que quero falar, é sobre o amor que escorre pela ponta dos meus dedos, que me enche os olhos e a boca d água.É por esse amor que eu respiro fundamente e sinto alegria. Você é só um foco do que tenho transbordando. Nada além do não-definitivo com a sensação de eternidade. Você é a energia que sinto, um rosto desfigurado, puro movimento e luz, o que faz movimentar-me em direção ao familiar tão desconhecido. Amo para conhecer-me e tudo me escapa: o que sabia sobre mim se transforma no que ignoro, o que não havia me tornado me fascina, mas não consigo tocar se reconheço. Esse é meu processo de melhoramento: saber-me ilimitada, transitória. (Se ficares longe ou aproximar-se, o amor será o mesmo, esse outro do “pra sempre, agora”).
Escuta: eu não preciso fechar os olhos para ver por dentro a profusão de cores.Eu não preciso usar palavras pra dizer da comunhão das coisas. Eu não preciso estar embriagada de um amor concreto pra ver beleza em tudo. Ele está em mim, eu estou nele e onde eu for, chegaremos juntos.



Desculpa eu não te querer mais logo agora que a vida está sendo doce comigo. Têm coisas suas que não cabem na minha alegria como, por exemplo, tuas feridas tão antigas e as curas que eu fazia pra te consertar pro mundo, mas continuar com minhas mãos vazias.Desculpa eu desobedecer a demanda da tua angústia. Eu não quero mais ouvir, naquela passividade profunda de amante, tuas lamúrias, tuas escolhas equivocadas, teu emocional sempre tão confuso.

Eu só quero celebrar as minhas flores de dentro da forma mais adequada.
Eu não tenho mais tempo para ser aquela pessoa certa na tua hora errada.


Marla de Queiroz



Eu não tenho medo do amor.Eu tenho medo é de amar quem tem medo dele.Amar quem teme o amor é como se apaixonar por uma sucessão de desistências. É como viver apenas a possibilidade de algo, mas com a sensação de que ela nunca se estabelecerá.É ficar intranqüilo não com o amanhã, mas com os próximos minutos. Quem teme o amor vai embora antes de fazer as pazes com ele.Antes de saber que surpresas ele reservava. Quem teme o amor teme caminhar de mãos vazias em direção ao desconhecido.Está sempre baseado numa repetição do passado.E acha que a vida será como todos aqueles dias idos.Quem teme o amor não vê a pessoa que conheceu, não se dá a oportunidade de ser amado de outra forma.Quem teme o amor se envolve é com o drama de todas as feridas que vieram à tona porque ele não se permitiu ficar sozinho e confuso o suficiente para curá-las.Quem teme o amor não aprendeu a pedir ajuda nem a receber a cura do Universo.Ele se acha maior que o amor e não conjuga o verbo.Quem teme o amor consegue ser mais perverso do que quem o magoou.

Marla de Queiroz


Não quero mais ser apenas a mulher fatal, aquela que desatina juízos, desarruma os lençóis e transforma a tua vida num redemoinho doce. Quero ser também a tranqüilidade das tardes sonolentas depois do almoço, a fluidez das horas ociosas. Quero ser canto, colo, aconchego, rotina e abrigo de paredes concretas. E uma ponte para o exterior quando a madrugada inquieta...Quero permanecer mais do que estar, sem me preocupar pra que direção o vento levará teus desassossegos.
Mas, deste caminho que te apresento, faço do convite esta certeza de mãos dadas só no início... Pois há algo que mesmo quem teme , ignora: é possível que a estrada seja engolida: pelas águas, pelo cansaço, pelo desperdício das horas, pelos indícios.
Não acredito mais na idéia de amor romântico, por isso, perdoa se te transformei no homem da minha vida, eu deveria ter deixado que você se tornasse por mérito próprio.
E se percebo que não há garantias é porque nunca as tive: nem nas ausências, nem durante a mais intensa companhia. E destes gritos que abrangem um mar inteiro numa breve manhã ou numa tarde sem carícias, me desvencilho. Quero saber que você existe, que já esteve em mim e comigo, mas que é tão livre para ser quanto eu sou. E que esteja e seja matéria ou substância etérea sem me machucar com tua existência sólida. Não quero que nada sobre você me pese nos dias e nem que a saudade me faça acordar com o olhar mais triste que já tive. Quero saber-te pleno e estar feliz por isto, seja lá qual for o motivo. Quero saber-me plena e casada com o amor, mesmo que você já não seja mais o foco.Há muito alvoroço de mar em mim, deixa que eu viva e escreva por esta Natureza.(Nasci explícita para que ningúem me guarde num segredo.)Sou permanência e transitoriedade. Sou reminiscência e novidade.E sei e sinto e vejo mais do que gostaria.
E, se isto me orienta, também me angustia.
Você sabe, às vezes me falta destreza.
E para que não seja sempre assim tão ácido,
Não sejamos nós,
Antes, sejamos laços:
Desses que se atam e desatam com delicadeza.


Marla de Queiroz


Ele não sabe mais nada sobre mim.Não sabe que o aperto no meu peito diminuiu, que meu cabelo cresceu, que os meus olhos estão menos melancólicos, mas que tenho estado quieta, calada, concentrada numa vida prática e sem aquela necessidade toda de ser amada. Ele não sabe quantos livros puder ler em algumas semanas.Não sabe quais são meus novos assuntos nem os filmes favoritos.Ele não sabe que a cada dia eu penso menos nele, mas que conservo alguma curiosidade em saber se o seu coração está mais tranqüilo, se seu cabelo mudou, se o seu olhar continua inquieto.Ele nem imagina quanta coisa pude planejar durante esses dias todos e como me isolei pra tentar organizar todos os meus projetos.Ele não sabe quantos amigos desapareceram desde que me desvencilhei da minha vida social intensa.Que tenho sentido mais sono e ainda assim, dormido pouco.Que tenho escrito mais no meu caderno de sonhos.Que aqui faz tanto frio, ele não sabe por mim.Ele não sabe que eu nunca mais me atentei pra saudade. Que simplesmente deixei de pensar em tudo que me parecia instável. Que aprendi a não sobrecarregar meu coração, este órgão tão nobre.Ele não sabe que eu entendi que se eu resolver a minha dor, ainda assim, poderei criar através da dor alheia sem precisar sofrer junto pra conceber um poema de cura.Hoje foi um dia em que percebi quanta coisa em mim mudou e ele não sabe sobre nada disso. Ele não sabe que tenho estado tão só sem a devastadora sensação de me sentir sozinha. Ele não sabe que desde que não compartilhamos mais nada sobre nós, eu tive que me tornar minha melhor companhia: ele nem imagina que foi ele quem me ensinou esta alegria.

Marla de Queiroz



Não há decisões estabanadas, nenhuma história termina no dia em que ela realmente acaba. Há sempre um desvencilhamento anterior lento, sutil.(Como quando alguém percebe que gradualmente foi perdendo o apetite na hora em que costumava sentir mais fome).Não há aquilo que poderia ser feito de outro jeito. O aprendizado incluía as decepções e os acertos de ambos os lados.E, neste ínterim, os momentos de encontro: dos sonhos, solidões ou prantos.Não há dor que se amenize usando a força momentânea da raiva.Um coração machucado precisa de silêncio e colo, não de berrar aos quatro ventos sua falsa independência. Há ruídos que maculam o que deveria ser preservado.Há que haver gratidão pela lição que vem do que não pode ser mudado. Mas há sempre a possibilidade da transmutação.Numa desilusão, esteja atento: ninguém se perde de si mesmo porque foi abandonado. Por maior que seja a luz, não deixe que a sua sombra o encubra só porque um ciclo acabou sem explicações plausíveis.Há sempre alguma coisa nova por nascer e que precisa deste espaço.Há sempre uma história mais bonita adiante.Há sempre uma forma mais saudável de lidar com sua dor. E recriar o seu destino, tentar se harmonizar com as decisões do outro sem trazer para si as incompletudes dele, é uma forma bem mais interessante de sentir amor.

Marla de Queiroz



Tão familiar é a fisionomia da saudade. E a lembrança da labareda alta do desejo, indo além: ao desalcance dos olhos.O toque constante, desavisado, parecendo uma distração. O olhar intenso, querendo ver o campo sutil das palavras.E toda nossa existência ampliada pelo sol do amor. Tão familiar a fisionomia da saudade, que ainda posso ver os pêlos saindo dos poros, tão junto meu rosto do teu. Das arranhaduras da carícia bem feita que uma barba mal feita faz. E um jeito de trazer minha cabeça pro lugar mais escurinho entre o travesseiro e o teu pescoço. Teu cheiro todo lá, naquele abrigo antes do sono. E no derradeiro das frases, o corpo insinuando mais que uma leitura, mais que uma dança, mais que comunhão...(Marla Queiroz)



A previsão é que chova forte em quase todo o país. E que um furacão passe em algum outro continente. A previsão é que o dia seja mais um daqueles em que você trabalhe tanto, tanto que precise de um ansiolítico. E que eu estude tantas coisas novas que talvez me desespere.A previsão é que você arranje um minuto do seu tempo escasso pra me telefonar bem no pico máximo da sua/minha saudade.E que o telefone esteja ocupado porque também estou telefonando pra você.A previsão é que no meio da tarde estejamos muito cansados.E que pensaremos em dormir cedo para acordar mais dispostos no dia seguinte. A previsão é que nos sintamos tão engolidos por essa correria do mundo, que pensaremos em largar tudo pra simplesmente sumir por aí, viajando pra qualquer lugar aonde não cheguem furacões. A previsão é que o dia caia repentinamente sobre o mar e que a noite chegue na hora mais perfumada do meu corpo : naquele momento em que tudo em mim é a certeza de um sorriso seu colado ao meu rosto e que tudo em você é a certeza do meu mais definitivo e sonoro SIM! A previsão é que tenhamos no amor essa certeza: de um abrigo de paz, desse aconchego sem fim.


Marla de Queiroz


"O tempo passou. Dizem que o tempo é remédio pra tudo. O tempo faz a gente esquecer. Há pessoas que esquecem depressa. Outras apenas fingem que não se lembram mais."

(Érico Veríssimo_ “ O Tempo e o Vento”, O CONTINENTE, Tomo II)




‎"Quantas vezes a gente,em busca da ventura,
Procede tal e qual o avozinho infeliz:
Em vão,por toda parte,os óculos procura
Tendo-os na ponta do nariz!". (M. Quintana)
Vasculhando nas memórias algum assunto, encontrei a carta que eu rabisquei na capa de um livro: “pra você”, era o destinatário. Não sei por que não mandei, talvez não quisesse passar a limpo o passado. Em letras garrafais eu te dizia: “acertei o caminho não porque segui as setas, mas porque desrespeitei todas as placas de aviso”. E achei curioso eu usar essa metáfora sem nem ao certo saber o que queria te dizer com isto.E depois de repousadas aquelas palavras eu percebi quanta coisa eu escrevi pra você, querendo dizer pra mim. Porque eu jamais chegaria aonde cheguei se só andasse em linha reta. Tive que voltar atrás, andar em círculos, perder dias, perder o rumo, perder a paciência e me exaurir em tentativas aparentemente inúteis pra encontrar um quase endereço, uma provável ponte: a entrada do encontro.Você tão ocupado com seus mapas, tão equipado com sua bússola, demorou tanto, fez sinais de fumaça e não veio. Você simplesmente não veio. Mas me ensinou a intuir caminhos certos, a confiar nos passos, a desconfiar dos atalhos. Porque eu estava do outro lado e só. Sem amparo. Mas caminhava. E você estava absolutamente equipado com seu peso. E impedido de andar por seus medos.


Marla de Queiroz



Se, ao acordar, posso escolher uma roupa,

posso escolher também o sentimento

que vai vestir meu dia.

Se, no percurso, posso errar o caminho

posso também escolher a paisagem

que vai vestir meus olhos.

A mesma articulação que tenho para reclamar,

tenho para agradecer.

E, se posso me adornar com a alegria,

não é a tristeza que eu vou tecer.

Que hoje e sempre, seja mais UM BELO DIA!


Marla de Queiroz

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011




O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, mas principalmente, o que ele tira de mim: a carência, a ilusão de autossuficiência, a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir vazios. Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, para qualquer coisa, a qualquer hora. Ele apazigua o meu peito com uma lista breve de prós e contras. Mas me dá escolhas. Eu me percebo transformada pelo que o amor tirou de mim por precisar de espaço amplo e bem cuidado para se instalar. O amor tira de mim a armadura, pois não consigo controlar a vulnerabilidade que vem com ele; tira também a intransigência. O amor me ensina a negociar os prazos, a superar etapas, a confiar nos fatos. O amor tira de mim a vontade de desistir com facilidade, de ir embora antes de sentir vontade, de abandonar sem saber por quê. E é por isso que o amor me assombra tanto quanto delicia. Porque não posso virar as costas pra uma mania quando ela vem de uma pessoa inteira. Porque eu não posso fingir que quero estar sozinha quando o meu ser transborda companhia. O amor me tira coisas que eu não gosto, coisas que eu talvez gostasse, mas me dá em dobro o que nunca tive: um namoramento por ele mesmo. O amor me tira aquilo que não serve mais e que me compunha antes. O amor tirou de mim tudo que era falta.(Marla de Queiroz)



Eu nunca fui uma moça bem-comportada. Pudera, nunca tive vocação pra alegria tímida, pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido sem soluços. Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. (...) Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma alegria em mim que quase me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo todo. Eu sei chorar toda encolhida abraçando as pernas. Por isso, não me venha com meios-termos, com mais ou menos ou qualquer coisa. Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas e falta de ar.... Eu acredito é em suspiros, mãos massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala tocando no outro, de alguma forma, no toque mesmo, na voz, ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. E tenho medo de altura, mas não evito meus abismos. São eles que me dão a dimensão do que sou..." (Marla de Queiroz)

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011




Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final...Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos. Não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram. Foi despedida do trabalho? Terminou uma relação? Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país? A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações? Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu...Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seus amigos, seus filhos, seus irmãos, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado. Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar. As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora...Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração... e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar. Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se. Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais. Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do "momento ideal". Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará! Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é. Torna-te uma pessoa melhor, assegura-te de que sabes bem quem és tu próprio, antes de conheceres alguém e de esperares que ele veja quem tu és..E lembra-te: Tudo o que chega, chega sempre por alguma razão. - Fernando Pessoa

domingo, 2 de janeiro de 2011

FELIZ 2011




“Lembre-se ser feliz não é uma fatalidade do destino, mas uma conquista de quem sabe viajar para dentro do seu próprio ser.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É curtir os pais e ter momentos poéticos com os amigos.
Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples que mora dentro de cada um de nós.
Seja apaixonado pela vida e descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas é usar as lágrimas para irrigar a tolerância e usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.”

Seja mais do que Importante, seja Raro.





Seja mais do que Importante, seja Raro

A vida não é justa, mas ainda é boa.
Quando estiver em dúvida, apenas dê o próximo pequeno passo.
A vida é muito curta para perdermos tempo odiando alguém.
Seu trabalho não vai cuidar de você quando você adoecer. Seus amigos e seus pais vão. Mantenha contato, AME-OS ENQUANTO É TEMPO!
Pague suas faturas de cartão de crédito todo mês.
Você não tem que vencer todo argumento. Concorde para discordar.
Chore com alguém. É mais curador do que chorar sozinho.
Está tudo bem em ficar bravo com DEUS. Ele agüenta.
Poupe para a aposentadoria começando com seu primeiro salário.
Quando se trata de chocolate, resistência é em vão.
Sele a paz com seu passado para que ele não estrague seu presente.
Está tudo bem em seus filhos te verem chorar.
Não compare sua vida com a dos outros. Você não tem idéia do que se trata a jornada deles.
Se um relacionamento tem que ser um segredo, você não deveria estar nele.
Tudo pode mudar num piscar de olhos; mas não se preocupe, DEUS nunca pisca.
Respire bem fundo. Isso acalma a mente.
Se desfaça de tudo que não é útil, bonito e prazeroso.
O que não te mata, realmente te torna mais forte.
Nunca é tarde demais para se ter uma infância feliz. Mas a segunda só depende de você e mais ninguém.
Quando se trata de ir atrás do que você ama na vida, não aceite não como resposta, ou não deixe alguém te bloquear em AMAR.
Acenda velas para um jantar, coloque os lençóis bonitos, use a lingerie elegante. Não guarde para uma ocasião especial. Hoje é especial.
Prepare-se bastante, depois deixe-se levar pela maré.
Seja excêntrico agora, não espere ficar velho para usar roxo.
O órgão sexual mais importante é o cérebro.
Ninguém é responsável pela sua felicidade além de você.
Encare cada "chamado" desastre com essas palavras: Em cinco anos, vai importar?
Sempre escolha a vida.
Perdoe tudo de todos.
O que outras pessoas pensam de você não é da sua conta.
O tempo cura quase tudo. Dê tempo.
Independentemente se a situação é boa ou ruim, irá mudar.
Não se leve tão a sério. Ninguém mais leva...
Acredite em milagres.

Deus te ama por causa de quem Deus é não pelo o que vc fez ou deixou de fazer.
Não faça auditoria de sua vida. Apareça e faça o melhor dela agora.
Envelhecer é melhor do que a alternativa: morrer jovem.
Seus filhos só têm uma infância.
Tudo o que realmente importa no final é que você amou.
Vá para a rua todo dia. Milagres estão esperando em todos os lugares.
Se todos nós jogássemos nossos problemas em uma pilha e víssemos os de todo mundo, pegaríamos os nossos de volta.
Inveja é perda de tempo. Você já tem tudo o que precisa.
O melhor está por vir.

A vida não vem embrulhada em um laço, mas ainda é um presente.